Brasil se absteve de votação contra violação dos direitos humanos no Irã ~ News e Você

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Brasil se absteve de votação contra violação dos direitos humanos no Irã

Mesmo com a aprovação da maioria, o Brasil se absteve da votação na 3ª Comissão da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre resoluções contra o Irã, acusado de violar os direitos humanos.

O documento da comissão menciona denúncias graves de violações que ocorrem no país, envolvendo acusações de tortura, amputações, apedrejamentos, desigualdades de gênero e violência contra a mulher.

O Ministério das Relações Exteriores, o Itamaraty, informou que o Brasil se absteve na votação porque é favorável à busca do diálogo e do entendimento com o Irã. Para o governo brasileiro, as resoluções da ONU não levam a uma solução e afirma que o Irã se comprometeu a resolver as questões relativas ao respeito dos direitos humanos.

As resoluções aprovadas nesta quinta-feira (18) têm peso de recomendações. A orientação é para que o governo iraniano busque alternativas que encerrem ações de discriminação e intolerância religiosa, como a tentativa de silenciar opositores do governo teocrático e o tratamento desigual às mulheres.

Resolução é aprovado em meio a caso Sakineh

A decisão das Nações Unidas ocorre no momento em que a Justiça iraniana examina a sentença de morte por enforcamento da viúva Sakineh Mohammadie Ashtiani, de 43 anos.

Acusada de infidelidade e participação na morte do marido, a viúva, que é mãe de dois filhos, passou a ser uma espécie de símbolo de protesto contra sentenças de morte no Irã. O caso foi revisto uma vez, pois a primeira sentença era de morte por apedrejamento, e agora aguarda decisão judicial.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se manifestou contra a sentença de Sakineh e disse que ela poderia viver no Brasil, mas diz que não pode interferir na autoridade da decisão do governo iraniano.

Dilma mantém posição mais dura sobre Irã

Já a futura presidente, Dilma Rousseff, reagiu à condenação da viúva mais efusivamente. A primeira declaração como presidente eleita sobre temas internacionais foi a respeito da possível execução de Sakineh, afirmando que a pena “é bárbara”.

A posição pode ser indício de um posicionamento mais crítico da diplomacia brasileira em relação aos abusos de direitos humanos no Irã, país do qual o Brasil se aproximou na era Lula.

Sobre essa última votação da ONU, no entanto, Dilma preferiu não tecer comentários.

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