Mercado aposta na Caixa em possível venda do Panamericano ~ News e Você

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Mercado aposta na Caixa em possível venda do Panamericano

A fatia que a Caixa Econômica Federal tem no Banco Panamericano pode ser um atalho no caso de uma eventual venda da instituição financeira do grupo Silvio Santos. A opinião é de analistas de mercado e professores ouvidos pelo News e Você. Eles afirmam que, provavelmente, nenhuma decisão será tomada antes da conclusão das investigações do Banco Central e descartam uma suposta aquisição do Panamericano por bancos de menor expressão, como o BMG.

Waldney Trindade Nery, da corretora Uniletra, afirma que um eventual comprador teria interesse no banco como um todo. Segundo ele, um potencial comprador do banco de Silvio Santos seria a Caixa Econômica Federal, que já tem uma participação de 49% na instituição.

- Como a Caixa já detém uma fatia grande [no banco], seria um eventual interessado. Qualquer operação de compra envolvendo o Panamericano teria de passar necessariamente pela Caixa, uma vez que ela tem 49% de participação e o patrimônio do controlador está sendo usado como garantia.

O diretor da Alta Vista Investimentos, Rogério Thomé, concorda que a Caixa seja a primeira da lista de supostos compradores do Panamericano. Thomé descarta interesse de um banco privado na fatia do banco que pertence ao grupo Silvio Santos.

- A Caixa Econômica Federal é um banco público. Por isso, acredito que seja difícil que um banco privado entre junto com um público porque são gestões muito diferentes. Para o setor privado se envolver meio a meio com o público, poderia haver conflito de interesses. Então, eu diria que é mais plausível a Caixa assumir o controle do que outro banco privado comprar a outra metade. A não ser que o banco privado comprasse ele [o Panamericano] inteiro.

Carlos Rafael Longo de Sousa, professor do departamento de economia da Facamp (Faculdade de Campinas), também aposta no banco estatal como eventual comprador, mas destaca que nenhum negócio deverá sair antes do fim das investigações.

- Quando tem uma crise como a do Panamericano, a imagem do banco fica muito afetada no mercado. Os clientes ficam com medo e sacam o dinheiro que têm. [Por isso], acho que ninguém [nenhum banco] vai tomar uma decisão nesse curto prazo porque vão esperar a investigação [do Banco Central] para ver o tamanho real do rombo.

Nery tem a mesma opinião de Sousa e afirma que “ninguém vai querer se aproximar [do Panamericano] até que a investigação descubra o que ocorreu”.

BMG

Nesta semana, o banco BMG divulgou uma nota oficial para negar a informação sobre uma possível compra do Banco Panamericano. Mesmo depois de rumores do suposto interesse, analistas praticamente descartam uma aquisição por um banco pequeno.

Sousa explica que os bancos pequenos e médios estão sendo muito afetados pelo o que está acontecendo com o Panamericano.

- Quando acontece uma crise como essa, a tendência é a coisa se espalhar. Os bancos pequenos sofrem reflexos já que o custo de captação é maior, porque quando se vai fazer uma captação, paga-se um juro maior porque quem está investindo vê um risco maior.

Rogério Thomé, da Alta Vista Investimentos, segue o mesmo raciocínio e diz achar difícil um banco pequeno, sem grande expressão, comprar porque passa a ser um risco muito grande.

- O que aconteceu com o Panamericano fragilizou a percepção do mercado com esses bancos menores. Se houve essa questão com o Panamericano [que passou pela auditoria da Deloitte e dada KPMG, quando a Caixa fez a aquisição] e só agora foi percebido pelo BC, será que os acionistas de bancos menores não estariam igualmente expostos a essa fraude? O ocorrido com o Panamericano penaliza bancos menores.

Sem negócio

O Banco Panamericano divulgou uma nota oficial na noite desta sexta-feira (19) na qual informa que realizou uma reunião com representantes da Caixa Econômica Federal e do Grupo Silvio Santos. O comunicado diz que a instituição "não está à venda".

Leia abaixo a nota na íntegra.

"Em reunião realizada hoje (19), representantes da Caixa Econômica Federal e do Grupo Silvio Santos, os controladores do Banco Panamericano, juntamente com representantes do próprio Banco Panamericano, trataram dos seguintes assuntos: a entrada efetiva da Caixa Econômica Federal na gestão e desenvolvimento do Banco Panamericano; a criação de um plano para distribuição de produtos e serviços da Caixa Econômica Federal por meio do Banco Panamericano e vice versa, tais como Cartões, Consignado, Leasing e Crédito Imobiliário; o estabelecimento de diretrizes e construção de um plano de metas para os próximos meses; definição por parte dos controladores de que o Panamericano não está à venda; além da criação de mecanismos e plano de ação que permitam ao Panamericano se transformar no maior agente de financiamento para pessoas físicas no país, nos segmentos em que atua."

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